Faltando quatro dias para o início de uma das maiores
festas juninas do país, o São João de Campina Grande (PB), a Justiça da Paraíba
concedeu uma liminar que proíbe a execução de músicas durante a festa. A decisão foi proferida pela juíza da 2ª Vara da Fazenda
Pública de Campina Grande, Ana Carmem Pereira Jordão Vieira, e atende a ação
movida pelo Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição). A entidade cobra o pagamento de direitos autorais para os
compositores referentes ao São João do ano passado e alega que, até o momento,
não há previsão de pagamento dos direitos autorais da festa deste ano.
A ação foi movida contra a prefeitura de Campina Grande e
a empresa Aliança Comunicação e Cultura Ltda, responsável pela organização da
festa. Caso a decisão seja descumprida, ambas terão que arcar com uma multa de
R$ 30 mil por dia. O Ecad cobra o pagamento de R$ 598 mil, equivalente a 10%
do valor do contrato entre a prefeitura e a empresa para organização das festas
em 2017 e 2018. A ação foi acatada dias depois de compositores e artistas
divulgarem nas redes sociais um manifesto exigindo que as festas de São João de
Campina Grande e Caruaru paguem os direitos autorais. Compositores nordestinos como Nando Cordel, Genival
Lacerda, Cecéu, Antônio Barros, Petrúcio Amorim, Santanna e Targino Gondim
assinam o manifesto.
Em nota, o Ecad defendeu a iniciativa alegando que o São
João de Campina Grande não paga direitos autorais há cerca de 15 anos. “Não há intenção de prejudicar a população e todos os
envolvidos, mas é preciso que os direitos dos autores sejam devidamente
respeitados, assim como todos os demais direitos de remuneração dos
profissionais envolvidos nesta grande festa”, informa a entidade.
À Folha, o
prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB), disse que a prefeitura vai
recorrer da decisão no Tribunal de Justiça da Paraíba. “É uma questão de bom senso. Não tem sentido suspender a
execução de músicas em uma festa pública, com acesso livre, e que tem caráter
social e cultural”, diz o prefeito. O prefeito também classificou a decisão como frágil e
inconsistente, sobretudo por não determinar quais músicas de quais artistas não
poderiam ser tocadas durante festa.
Ele também alega que a prefeitura é apenas uma
patrocinadora da festa, que é organizada por um empresa privada contratada
mediante licitação, e que por isso não cabe a ela arcar com os direitos
autorais. Com duração de quatro semanas, o São João de Campina
Grande terá mais de uma centena de shows, incluindo artistas como Elba Ramalho,
Luan Santana e Wesley Safadão. A previsão é que cerca de 2 milhões de pessoas
participem da festa.
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