No 10º dia da paralisação que provocou uma grave crise de
abastecimento no país, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia,
fez seu primeiro pronunciamento sobre o tema. Na abertura da sessão desta
quarta-feira (30/5), a ministra afirmou que a democracia não está em questão e
que ainda é o único caminho legítimo para o país enfrentar a questão, o que
seria uma resposta a discursos em defesa de intervenção militar.
Segundo a magistrada, o Direito brasileiro oferece
soluções para o quadro atual e não se pode deixar o povo na carência da
aplicação das garantias constitucionais. A presidente do STF disse ainda que os
juízes não fazem milagres, mas fazem direito e que para enfrentar a crise é
preciso serenidade e seriedade. Ela ressaltou que a sociedade não pode
esquecer o passado de “regimes sem direitos”.

A demora na fala da presidente do STF foi justificada
pela espera pela primeira sessão plenária da Corte após o agravamento da
crise, para registrar a fala como chefe de Poder. A ministra não falou com o
presidente Michel Temer durante a crise. Cármen Lúcia afirmou que a atuação do STF nesta semana “é
cumprida hoje com profunda preocupação, atenção e responsabilidade com o grave
momento político, econômico e social experimentado pelos cidadãos brasileiros”.
As dificuldades, disse a ministra, se resolvem “com a
aliança dos cidadãos, e a racionalidade, objetividade e trabalho de todas as
instituições, de todos os poderes”. “A democracia não está em questão. Há
questões sócio-político-financeiras nas democracias também. Mas o direito
brasileiro oferece soluções para o quadro apresentado e agora vivido pelo povo
brasileiro”, frisou.
A ministra deu outra indireta aos defensores da
intervenção militar: “Não temos saudades se não do que foi bom na vida pessoal
e em especial histórico de nossa pátria. Regimes sem direito são passado de que
não se pode esquecer, nem de que se queira lembrar. Este Supremo Tribunal
Federal, órgão de cúpula do Judiciário brasileiro, contando com a
responsabilidade e a atuação de cada cidadão, cumprirá o seu dever, como espera
que todas as instituições públicas e particulares o façam”, afirmou.
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